O presidente de Israel, Isaac Herzog, aproveitou a sua presença na inauguração, este domingo, do novo Museu Nacional do Holocausto, em Amesterdão, para apelar à libertação dos reféns israelitas do Hamas que ainda estão detidos em Gaza. A presença de Herzog no evento estava marcada há meses, mas a guerra na Faixa já dura cinco meses e resultou em protestos de organizações judaicas e palestinianas. Houve confrontos entre manifestantes e a polícia no meio de uma forte vigilância em torno da sinagoga portuguesa e do antigo bairro judeu, onde a maior parte desta comunidade estava concentrada antes da Segunda Guerra Mundial. É a área onde o novo museu relembra a perseguição.
Na Praça Waterloo, também um local muito turístico da capital holandesa, cada vez mais pessoas têm-se reunido, sentadas no chão quando a polícia pede dispersão. Houve fogos de artifício lançados contra as forças policiais e várias pessoas tentaram subir em veículos da polícia, sendo repelidas pela tropa de choque.
O novo museu levou duas décadas para ser concluído e ilustra a perseguição à comunidade judaica na Holanda. Conta com fundos governamentais e organizações da sociedade civil. O Serviço de Informação do Governo Holandês indicou que o rei participaria no evento “porque é um local de grande significado e importância nacional”. Por sua vez, Emile Schrijver, diretor do centro, sublinhou que Herzog simboliza os milhares de judeus holandeses que emigraram para Israel.
Mais de 200 mesquitas holandesas pediram ao rei William que não recebesse o político, e foram ouvidas vaias quando ele saiu da cerimónia. No seu discurso, o monarca destacou que o antissemitismo “deve ser prevenido para que não volte a ter influência”. Este museu, afirmou ele, “mostra-nos que (o Holocausto) aconteceu não há muito tempo”. Mais tarde, antes da manifestação na rua, o rei afirmou: “Com a libertação dos Países Baixos (após a guerra) o direito de manifestação regressou. “É ótimo podermos fazer isso quando discordamos sobre algo.”
A Amnistia Internacional criticou a proeminência de Herzog porque ele representa um país “que atropela o direito internacional em Gaza”, segundo porta-vozes da ONG. O Presidente Herzog, nas suas intervenções após os ataques de 7 de Outubro, não fez distinção entre os milicianos do Hamas e a população palestiniana, responsabilizando “toda a nação palestiniana” pelo massacre. O ataque causou cerca de 1.200 mortes e a captura de mais de 240 pessoas como reféns. As suas palavras, por outro lado, fizeram parte da queixa apresentada pela África do Sul contra Israel por incitamento ao genocídio perante o Tribunal Internacional de Justiça das Nações Unidas. No final de 2023, Herzog escreveu a frase “Eu confio em você” num projétil disparado sobre Gaza.
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A primeira parte da inauguração do Museu do Holocausto decorreu na sinagoga portuguesa da capital holandesa. Lá, Herzog disse que o novo espaço é um lembrete das “atrocidades que surgem do anti-semitismo”. “O ódio e o anti-semitismo estão actualmente a florescer no mundo”, alertou. Nas ruas, os manifestantes carregavam cartazes mostrando a sua rejeição às ações de Israel na Faixa. “Esta neta de um sobrevivente de Auschwitz diz: ‘Parem o Holocausto em Gaza’, dizia um dos cartazes. “Nunca mais é agora”, disse outro. “Sim para o museu. Não para Herzog”, ele leu em outro.
Yuval Gal, membro da organização judaica Erev Rav, que convocou as manifestações deste domingo, instou a Procuradoria do Tribunal Penal Internacional (TPI) a tomar medidas para prender o presidente israelita. A organização islâmica radical Hizb ut-Tahir juntou-se aos protestos em Amsterdã. No caso deles, homens e mulheres foram separados. Juntamente com o Rei William e Herzog, o Presidente da Áustria, Alexander van der Bellen, e a Presidente do Bundesrat alemão (equivalente ao Senado), Manuela Schwesig, estiveram presentes na inauguração do Museu do Holocausto. O primeiro-ministro holandês demitido, Mark Rutte, e a prefeita de Amsterdã, Femke Halsema, também fizeram parte da delegação.
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