O Governo, liderado pelo Ministério do Trabalho, acordou esta sexta-feira com os sindicatos o aumento do salário mínimo interprofissional (SMI) em 5%, o que o colocará em 1.134 euros brutos por mês em 14 prestações (15.876 euros por ano). O pacto foi fechado sem a aprovação das associações patronais CEOE e Cepyme, que propuseram um aumento de 4,5%, além da indexação do aumento dos contratos públicos, e bónus para o setor agrícola. Estas são as chaves para uma negociação que durou quatro reuniões e que, finalmente, foi resolvida sem acordo de todos os agentes sociais.
Quanto será o aumento?
Depois do anúncio desta sexta-feira, o salário mínimo vai crescer 54 euros mensais, passando de 1.080 euros mensais divididos em 14 prestações para 1.134. Cada ano significará um aumento de 756 euros, já que o novo valor passará dos actuais 15.120 euros para 15.876. Neste ponto, vale a pena lembrar vários detalhes: em primeiro lugar, que se trata de valores brutos, o que não significa que estes valores sejam os que o trabalhador irá inserir, uma vez que lhes deverão ser aplicadas deduções do imposto sobre o rendimento das pessoas singulares e sociais. Contribuições de segurança; e em segundo lugar, que os valores se referem ao salário recebido por um trabalhador que trabalha em jornada completa (40 horas semanais). Se ele fizer isso por um período menor, receberá apenas a parte proporcional do valor total ao longo desse tempo.
Quando o novo valor entrará em vigor?
Apesar de o acordo entre o Governo e os sindicatos maioritários (UGT e CC OO) ter sido concretizado esta sexta-feira, 12 de janeiro, e só entrar formalmente em vigor no dia seguinte ao da sua publicação no Boletim oficial do estado (BOE), o secretário de Estado do Emprego, Joaquín Pérez Rey, anunciou esta manhã que o novo aumento terá efeitos retroativos a partir de 1º de janeiro. ano, uma vez que se prevê que seja recolhido no próximo BOE, e as empresas (e indivíduos com trabalhadores sob seus cuidados) teriam tempo suficiente para atualizar os contratos no restante do mês.
Quantos trabalhadores beneficia?
O número de trabalhadores que ganham o salário mínimo interprofissional gira em torno de 2,5 milhões, segundo estimativas do Ministério do Trabalho, sendo um terço deles mulheres e jovens. Essas pessoas estão fora do acordo, portanto os aumentos no salário base impactam diretamente no seu poder de compra. Um setor muito feminizado e onde o SMI é cobrado regularmente, por exemplo, é o das trabalhadoras domésticas. Mas também ocorre noutros vectores, como a agricultura, onde tradicionalmente se tornou o salário mais difundido.
Os trabalhadores que não recebem o SMI também beneficiarão do aumento?
Em muitos casos sim. Isso acontece porque alguns acordos coletivos têm o salário mínimo como referência na hora de estabelecer suas pirâmides salariais. Ou seja, o SMI costuma definir o piso salarial, portanto quando esse piso crescer pode acontecer que ultrapasse os salários das categorias imediatamente superiores, o que faz com que também cresçam. Na verdade, esta é uma das circunstâncias pelas quais os empregadores não costumam ser a favor do aumento do SMI, uma vez que o efeito rebote que provoca nas suas tabelas salariais costuma levar a um aumento muito maior dos custos.
O que significa que os empresários se recusaram a apoiar o novo aumento?
A competência para determinar o valor do salário mínimo interprofissional cabe exclusivamente ao Governo. O facto de recorrer aos agentes sociais é um gesto de valorização da negociação colectiva. Nessas reuniões, sindicatos e empregadores apresentam suas posições e, tradicionalmente, o Ministério do Trabalho – que costuma liderar a negociação – propõe uma figura baseada nessas propostas. Isto só acontece com o SMI, porque com salários acordados, a participação e o poder de decisão são exclusivos dos sindicatos e associações patronais (CEOE e Cepyme). Assim, no ano passado estabeleceram que os salários do acordo deveriam ser atualizados este ano em 4%, algo que, segundo dados oficiais do Trabalhismo, aconteceu.
Será este o único aumento que ocorrerá este ano?
O Governo assumiu o compromisso de colocar o SMI ao nível de 60% do salário médio, tal como consta da Carta Social Europeia que assinou na última legislatura. Isto significa que se o salário médio aumentar, o salário mínimo também aumentará. O problema é que não é fácil definir o salário médio cobrado na Espanha. Por esta razão, alguns sindicatos, como a UGT, denunciam que, mesmo com este aumento de 5%, esses 60% não foram alcançados. O que sugere que continuarão a exigir novas atualizações ao longo do ano. A sua ocorrência (ou não) dependerá de o comité de peritos convocado pelo Partido Trabalhista para traçar o caminho dos aumentos – de acordo com esta premissa de 60% – estimar que a igualdade exigida pela Carta Social Europeia foi alcançada ou não.
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