BBVA obtém lucro de 2.200 milhões entre janeiro e março, quase 20% a mais | Empresas

BBVA obtém lucro de 2.200 milhões entre janeiro e março, quase 20% a mais |  Empresas
Exterior da sede do BBVA, em Madrid.Pablo Monge Fernández

O banco espanhol mantém um passo firme no início de 2024. Esta segunda-feira é a vez do BBVA, que anunciou os resultados do primeiro trimestre do ano, em que faturou 2.200 milhões de euros, 19,1% mais do que foi registado no mesmo período do ano passado (38,1% em euros constantes, sem considerar o efeito cambial), conforme reportado à Comissão Nacional do Mercado de Valores Mobiliários (CNMV). Um crescimento que se baseia no aumento dos rendimentos, principalmente na margem de juros em Espanha e no bom desempenho da entidade no México. O mercado acolheu estes números com uma queda da bolsa superior a 1,5% a meio da manhã.

O grupo presidido por Carlos Torres mantém assim o ritmo de crescimento depois de um ano em que contou com o vento a seu favor com aumentos das taxas de juro nos dois lados do Atlântico. Diante da pressão da inflação, houve uma mudança na política monetária, que impulsionou a receita recorrente dos bancos. E o BBVA conseguiu voltar a crescer a dois dígitos entre janeiro e março deste 2024. “Estes números são o resultado do dinamismo da atividade – o crédito a clientes cresceu 9,5% homólogo em euros constantes – e do ótimo evolução do resultado recorrente”, destaca o grupo em comunicado.

Especificamente, a margem de juros subiu para 6.512 milhões, mais 15,4% no início do ano. Enquanto as comissões líquidas aumentaram 31,1% para 1.887 milhões. “Há uma tendência de crescimento das receitas, trimestre após trimestre”, afirmou Onur Genç, CEO do grupo, na conferência de imprensa de apresentação dos resultados. Com a margem de juros e as comissões líquidas, as registadas em Espanha, calcula-se o valor que deve ser pago pelo imposto extraordinário ao sector. No caso do BBVA, o pagamento deste ano ascende a 285 milhões, taxa que o Governo se comprometeu a tornar permanente.

Desta forma, a taxa de crescimento dos lucros desacelera um pouco em comparação com o ano passado, mas mantém o ritmo com aumentos notáveis. É claro que, se comparado com o trimestre anterior, reflete-se que a força dos aumentos é reduzida tanto ao nível do grupo como em Espanha e no México. Apesar disso, a previsão é que consiga bater (novamente) o seu recorde de lucros este ano, melhorando os números de um 2023 histórico tanto para a entidade como para o conjunto do setor financeiro espanhol. Vale lembrar que no ano passado obteve lucro de 8.019 milhões, 26,1% a mais, o maior da história do grupo.

Apesar do impacto nas contas do pagamento do imposto bancário em Espanha, as margens dos negócios recorrentes aumentaram dois dígitos no ano: a margem bruta aumentou 18,1% para 8.218 milhões de euros. É claro que a maior parte dos empréstimos variáveis, principalmente hipotecas, já atualizaram a sua quota para o novo ambiente de taxas de juro. Ou seja, o aumento da renda se esgota dessa forma. Além disso, espera-se que o Banco Central Europeu (BCE) baixe em breve o preço do dinheiro e, nos meses seguintes, haja mesmo reduções nas prestações destes créditos. Entretanto, do lado dos custos, as entidades estão preocupadas em manter o custo dos depósitos contido para que não prejudique a rentabilidade recuperada no último ano.

Mais rentabilidade

Relativamente aos gastos operacionais ao nível do grupo, o BBVA registou um aumento de 12,2%, para 3.383 milhões de euros correntes, devido à forte pressão da inflação nos mercados onde opera. Assim, os custos aumentaram significativamente, embora o tenham feito abaixo do aumento das receitas, o que é conhecido no jargão bancário como maxilar positivo. Desta forma, o índice de eficiência melhorou para 41,2% (quanto menor melhor). Os especialistas consideram que um banco começa a ser eficiente quando este indicador está abaixo dos 50%.

Tudo isto se refletiu numa melhoria da rentabilidade dos capitais próprios (ROE) da entidade, que avançou para 16,9%, enquanto a rentabilidade do capital tangível (ROTE) situou-se em 17 no final de março. ,7%, quase 1,5 ponto a mais que no ano anterior em ambos os casos. E o índice de capital CET1 totalmente carregado, a qualidade mais alta, ficou em 12,82%. Um avanço nas métricas que vem acompanhado da aquisição de 2,8 milhões de clientes, dois terços deles através de canais digitais.

Por outro lado, no que diz respeito à inadimplência, a inadimplência do grupo permanece contida: no final de março permanecia em 3,4%. Se olharmos apenas para os dados de Espanha, a sua taxa de incumprimento foi um pouco mais elevada, de 4,1%, embora também em níveis historicamente baixos. Segundo dados do Banco de Espanha, na Grande Recessão esta métrica atingiu 13,62% em dezembro de 2013. Apesar disso, o Governo ampliou preventivamente a rede de segurança para os titulares de hipotecas em dificuldades, caso a situação económica se agrave. Relativamente à taxa de cobertura, a entidade presidida por Torres situou-a nos 76%, abaixo da registada um ano antes (82%).

O motor do México

Por território, o México continua a ser o grande motor do grupo e contribui com mais de metade dos lucros: 56,5%, excluindo da distribuição o que o centro corporativo retira aos lucros do BBVA. A Espanha segue como segundo território mais importante, gerando 28,4% do resultado. Türkiye está no terceiro escalão, embora com grande diferença (5,6%). Desta forma, o grupo baseia a sua geração de receitas e lucros principalmente no México e em Espanha, onde 8,5 em cada 10 euros de lucros foram gerados no trimestre.

Por mercados, o BBVA faturou 1.441 milhões de euros no México, mais 12,6% que nos primeiros três meses de 2023, com uma margem de juros que cresceu 15,8% para 2.999 milhões e comissões líquidas que dispararam 33%, até 642 milhões de euros graças ao impulso da atividade. “O investimento em crédito cresceu 8,8% em relação ao ano anterior, graças principalmente aos segmentos de consumo, cartões e PME. Os recursos de clientes também aumentaram acentuadamente, 12,5%, impulsionados pelos fundos de investimento”, destaca o banco no seu comunicado.

Em Espanha, o resultado foi de 725 milhões de euros, mais 36,5% do que há um ano. “A carteira de crédito cresceu 0,8% em termos homólogos, impulsionada pelos segmentos mais rentáveis ​​e pela menor desalavancagem no crédito hipotecário. Os recursos de clientes cresceram 4%, graças aos depósitos a prazo e aos fundos de investimento”, explica o grupo na nota. Relativamente à margem de juros, o avanço foi mais que notável, 35%, para 1.599 milhões, graças a uma nova melhoria na margem de clientes para 3,44%. As comissões líquidas, por seu lado, cresceram de forma mais tímida: 5,6%, para 566 milhões.

A Turquia fica para trás na sua contribuição para o resultado, um mercado ainda bastante esgotado pela inflação, pelo efeito cambial e pela incerteza económica. Os lucros do país foram de 144 milhões de euros, 48% menos que no primeiro trimestre de 2023, “afetados pela forte depreciação da lira turca face ao euro”, explica o BBVA. Em termos de margem de juros, o banco faturou 277 milhões, menos 55,7% (em euros constantes, a descida teria sido de 27,2%). O crescimento muito forte foi nas comissões líquidas (+146%, até 423 milhões). As despesas operacionais também aumentaram (+11,3%, para 444 milhões).

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By Edward C. Tilton

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