A China e o bloco rico são responsáveis ​​por 90% das novas energias renováveis ​​e 95% dos carros elétricos | Economia

A China e o bloco rico são responsáveis ​​por 90% das novas energias renováveis ​​e 95% dos carros elétricos |  Economia

O arranque das energias limpas atingiu uma dimensão desconhecida em 2023, com a energia solar e eólica a acelerar o ritmo e a atingir uma potência combinada de mais de 530 gigawatts (GW), o quádruplo da capacidade total do sistema eléctrico espanhol. As vendas de carros elétricos também cresceram fortemente: 35% ano a ano, adicionando 14 milhões de novos veículos movidos a bateria às estradas.

A lacuna geográfica na transição energética, por outro lado, é cada vez mais evidente: no ano passado, a China e os países ricos – que juntos representam pouco mais de um terço da população mundial – representaram 90% da nova capacidade renovável e mais de 95% dos registros de carros elétricos. “O crescimento da energia limpa está demasiado concentrado nas economias avançadas e na China, enquanto o resto do mundo continuou muito atrasado”, alertaram esta sexta-feira técnicos da Agência Internacional de Energia (AIE), dependente da OCDE.

O caso da energia solar é especialmente paradigmático. A nova capacidade cresceu 80% em todo o mundo, encerrando o ano com mais de 420 GW. É 16 vezes a potência instalada em Espanha. A concentração geográfica, porém, foi muito significativa: o gigante asiático respondeu por mais de 60% do total mundial, mais do que nunca em toda a série histórica. “A explosão da energia fotovoltaica foi graças à China”, resume a IEA. Em 2023, o custo dos módulos fotovoltaicos – maioritariamente fabricados no país asiático – caiu para metade em relação ao ano anterior.

Na União Europeia, a capacidade solar aumentou quase 30%, com 52 novos gigawatts instalados, enquanto nos Estados Unidos o crescimento foi de cerca de 50% graças ao poderoso esquema de incentivos federais. Do outro lado está a Índia, país mais populoso do mundo e melhor expoente do bloco em desenvolvimento, que fechou 2023 com apenas 12 novos gigabytes, um terço a menos que nos doze meses anteriores.

Algo semelhante pode ser dito sobre o vento, que registou um aumento de quase 60% à escala global. Desse valor, quase dois terços correspondiam à China, que duplicou a sua taxa de crescimento face a 2022. Na Europa, por outro lado, o aumento foi de apenas 10%, com os projectos fundiários a pisarem os travões. E nos EUA houve mesmo uma contracção de 10% face a 2022. Mesmo assim, a nova energia ligada à rede no gigante norte-americano foi notavelmente superior à do mundo em desenvolvimento, onde o seu peso no mix permanece baixo.

O carro elétrico, um caso paradigmático

No entanto, se um setor resume particularmente bem o abismo entre o ritmo da transição energética, é o do carro elétrico. Embora o seu crescimento global seja muito significativo – em 2023, as vendas destes veículos mais de seis vezes os níveis de 2019, ano anterior à pandemia, com uma taxa de crescimento anual de 60% no período – um nome destaca-se acima dos restantes: China. Naquele país, o segundo mais populoso do mundo e onde um em cada três carros novos é hoje movido a baterias, as vendas atingiram oito milhões de unidades. Seis em cada dez veículos eléctricos vendidos a nível mundial estão registados lá. Tudo apesar do fim de vários auxílios oficiais no ano passado.

O segundo maior mercado global de carros elétricos é a Europa, onde foram vendidas 2,4 milhões de unidades no ano passado – mais um quinto – e a sua quota de mercado já ronda os 25%. Em seguida vêm os Estados Unidos, onde foram vendidos 1,4 milhão, 40% a mais. No lado oposto, novamente, estão os países em desenvolvimento: na Índia, apesar de crescerem a uma taxa de 70% anualmente, os veículos eléctricos continuam a ser uma parte “muito pequena” do total. A adopção de veículos de duas e três rodas está a tornar-se mais rápida, tanto ali como noutras economias em desenvolvimento. “O progresso na mobilidade elétrica vai além dos carros. Principalmente no mundo emergente, onde os autocarros (movidos a bateria) também estão a aumentar”, salientam os técnicos da IEA.

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By Edward C. Tilton

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